sexta-feira, junho 10, 2011

O Dia de Portugal


Hoje, 10 de Junho, celebramos o dia da nossa nação.
Devemos sentir orgulho na nossa longínqua história nos bons momentos e aprender com os erros nos maus momentos.
Ao longo dos séculos errámos, acertámos e chegámos até aqui. Sem rumo. Uma nação à deriva, dependente de vícios instalados ao longo do tempo, que vive de futilidades e não se valoriza enquanto unidade.
Somos reconhecidos como o segundo povo, de todo o mundo, que melhor recebe, que melhores condições proporciona para quem quer trabalhar em Portugal.
Sinto orgulho nisso.
Muito. Mas constato alguns aspetos desta particularidade:
  • Normalmente, recebemos famílias inteiras que se alojam em determinada zona;
  • Proporcionamos trabalho para os elementos dessas famílias, principalmente na zona costeira, nos grandes centros;
  • Muitas vezes esse trabalho não é do mais qualificado;
Observamos que somos capazes de receber bem (algo intrinsecamente português) mas devemos verificar se temos a casa arrumada.
Devemos continuar esta nossa característica, mas devemos também pensar outras.
Vejamos, proporcionamos a quem vê Portugal como um destino, para se realizar profissionalmente, as condições ideais para tal, mas que dizer do que acontece com os portugueses?
As famílias são fragmentadas.
Principalmente aquelas que florescem no interior.
Todos argumentam a questão da crescente emigração (supostamente qualificada) dos recentes jovens adultos, mas devemos observar que essa emigração começou/começa mesmo dentro das nossas fronteiras.Link

O nosso país não garante a unidade familiar, pelo contrário, promove a fragmentação, promove o "cada um por si", renega a unidade.

E onde é que verificamos isto?

Basta observar a densidade demográfica do país e a sua evolução ao longo das últimas três décadas.

Quem me conhece sabe que defendo, há muito tempo, uma aproximação à Europa, mas territorial.

Terá menos custos para nós e para os nossos vizinhos. Criaremos riqueza dentro das nossas fronteiras.

Mas o que é que se verifica?

Pegando na palavra tão usada pelo nosso Presidente da República, as "gentes do interior" juntam-se à diáspora que se encontra no litoral, nas grandes metrópoles.
Separando-se das famílias, dos amigos.

Esta é a realidade do nosso país.
Estamos fragmentados, desiludidos e descrentes.

Dizem-nos para nos voltarmos para o interior.
Falam muito da mobilidade.

Era bom que fosse tão fácil como lançar palavras ao vento ou escreve-las no universo digital.

A realidade é tão cruel como simples.

Não existe, verdadeiramente, mobilidade no nosso pequeno país.

É mais "fácil" ir ao centro da Europa uma vez por mês para os "emigrantes" residentes em Lisboa, do que visitarem a família no interior profundo do nosso norte.

Mais "fácil" e mais "barato".

Neste Dia de Portugal, tal como há muitos anos atrás nos disseram para olharmos para o exterior e conquistarmos o mundo, digo, do fundo do meu sentimento português, olhemos para nós.

Olhemos para nós e voltemos a conquistar Portugal. Construamos, cá dentro, o nosso futuro.

Sem demagogia. Sem pseudo-política. Com trabalho.

Viva os Portugueses!