quinta-feira, junho 16, 2005

"Sermos"

Tão luzidio que é este som!
O som de quem lê, mas não fala.
É sermos a tinta, o papel,
sermos o que outrora poeta fora.
Que mágica a viagem de letras;
sons de letras que nada podem dizer.
É ler.

A branca visão de papel me ocorrera.
Ei! Não! De letras se faça a vida
de quem não a tem.
Orgasmos letrais se manifestem.
Que pena a pena não falar.
Que alegrias contaria?
Que emoções?
Que vidas?
É escrever.

Ler o que escrito foi por quem leu
o que escrito por alguém.
Séculos e séculos de tinta se fizeram.
Das glórias outrora vividas temos suas letras, suas folhas.
Estou a saber, a digerir, a contemplar.
Original nasce da criatividade de aprender.
É aprender a ler.
É aprender a escrever.

3 comentários:

Mary Mary disse...

Arrepiada com a beleza das palavras... Já percebi que escreveste isto tudo! Parabéns, são lindíssimos, mas se continuo a dizer isto e há mais estou lixada... :P

Carpe Diem disse...

A veia do poeta

"Cansado do movimento
Que percorre a linha recta
Fui ficando mais atento
Ao voo da borboleta
Fui subindo em espiral
Declarando-me estafeta
Entre o corpo do real
E a veia do poeta

Mas ela não se detecta
À vista desarmada
E o sangue que lá corre
Em torrente delicada
É a lágrima perpétua
Sai da ponta da caneta
Vai ao fim da via láctea
E cai no fundo da gaveta

Ai de quem nunca guardou
Um pouco da sua alma
Numa folha secreta
Ai de quem nunca guardou
Um pouco da sua alma
No fundo duma gaveta
Ai de quem nunca injectou
Um pouco da sua mágoa
Na veia do poeta"
Rui Veloso e Carlos Tê

Vanessa disse...

É uma delícia ler o que escreves...é suave